quarta-feira

CAPÍTULO II

"É Preciso Ver os Anjos"




Sara mal aparecia atrás de uma pilha de pastas quando Claudine entrou no departamento quase na hora do almoço:

- Muito trabalho? – perguntou ela
- Estou atolada.
- Plinio me telefonou ainda pouco. Encontrou um Kit perfeito para nós – disse Claudine – Disse que é bem pequeno, mas aconchegante e perto daqui.
- Acha mesmo uma boa idéia levar o Plinio para morar conosco? – perguntou Sara.
- Sim, ele é nosso amigo. E depois, já falamos sobre isso e tinha concordado.
- Eu sei, também gosto dele, mas ele é um rapaz e as pessoas podem comenta...
- Ora Sara, Plinio não joga nesse time.
- O que quer dizer?
- Deixa para lá, o importante é que sabemos que têm um ótimo caráter e podemos confiar nele – argumentou Claudine – Além do mais, não devemos nos importar com o que os outros vão falar. Estamos soltas no mundo, minha cara, não devemos satisfações a ninguém.
- Tem razão – concordou Sara – E depois, é bem melhor dividirmos as despesas em três do que em dois.
- Estou gostando de ver! – exclamou Claudine – Está aprendendo a deixar o coração de lado e pensar de modo prático.
- Tenho uma excelente professora – disse Sara com um sorriso – Quando vamos visitar o kit?
- Daqui a pouco, na hora do almoço. Já marquei com ele.
- E a Diana? Vamos deixá-la sozinha na pensão? – lembrou-se.
- Plinio me contou que ela decidiu voltar para o interior.
- A pensão está ficando vazia – disse Sara com o olhar perdido.
- Vendo-a falar assim, até parece que sentirá saudades.
- Saudades, não, mas estou com aquela sensação que é mais uma etapa da minha vida se encerrando... E isso mexe um pouco comigo.
- Sei perfeitamente o que quer dizer.


Os três mudaram-se dias depois. De início, tinham somente colchões jogados no chão e uns poucos utensílios. Plinio conseguiu emprego numa loja de eletrodomésticos e aos poucos, com o dinheiro que economizavam, o pequeno apartamento ia tomando forma. Dividiam tarefas domésticas e viviam em plena harmonia.

O tempo parecia voar vertiginosamente sem que eles se dessem conta.

- É inacreditável, mas hoje faz dois anos que nos mudamos para cá – lembrou Plinio enquanto passava à ferro umas camisas.
- Podemos sair e comer uma pizza para comemorar, o que acham? – perguntou Sara.
- Tenho uma idéia melhor – sugeriu Plinio – Está passando um filme com Peter Fonda...

Claudine parecia distante.

- Hei, Claudine!... Não ouviu nada do que falamos – disse Sara.
- Eu ouvi sim. É que já tenho compromisso para essa noite.
- Hummmm!... – Sara e Plinio fizeram coro.
- Não é nada do que estão pensando – disse Claudine fingindo um tom casual – Ele só me convidou para um chope.
- “Ele”? – perguntou Sara maliciosamente – E quem é “ele”?
- Um cara que eu conheci ontem na construtora. É estudante de direito. Não é muito bonito, mas estava tão alinhado, tão perfumado...
- E você sentiu logo o cheiro de grana impregnado no ar – completou Plinio flexionando os dedos.
- Ainda não – replicou Claudine – Mas se ele tiver, eu vou sentir podem apostar nisso!
- Pelo menos se lembrou de perguntar o nome dele? – provocou Sara.
- O que vocês dois pensam que eu sou? – protestou ela – É claro que eu perguntei. O nome dele é Alberto... Alberto... Ah, o sobrenome eu não me lembro, mas que importância tem isso? Eu pergunto hoje.

Sara e Plinio desataram a rir.

- Do que estão rindo?

Sara pigarreou para limpar a voz:

- Não estamos rindo de você, estamos rindo dos critérios que você usa para avaliar um homem.
- Bem, eu só reparo no que realmente interessa: se é bem cuidado, se usa roupas caras, se traz um chaveiro nas mãos... Todo homem fica mais charmoso atras do volante de um zero quilometro! – exclamou sonhadora – E não fiquem aí me olhando com essas caras! Não esperam que eu vá sair pela cidade de ônibus com um sujeito qualquer, esperam?
- Você é um caso perdido, Claudine! – disse Sara em tom de brincadeira.
- Pelo menos eu sou sincera – disse ela – Estou atras de baú e não escondo isso de ninguém.
- Só dele, é claro! – concluiu Plinio sugestivamente e depois se dirigiu a Sara:
- Que tal se fôssemos nós dois?
- Prefiro que me leve ao museu de Artes – pediu ela.

Ele fez uma careta.

- Não sei que graça você acha naqueles quadros, eu olho e não vejo nada demais.
- Não basta olhar, tem que sentir.
- Às vezes fico pensando... Como você, que veio dum lugar que nem consta no mapa, pode gostar e entender de artes e ainda por cima saber o nome de todos pintores famosos?
- Já me fiz a mesma pergunta. Talvez, eu possua uma veia artística – disse Sara – ...A forma como eles dominavam as cores me fascina... Não é o que eles pintavam, mas como pintavam, entendeu?
- Não.

Agora foi a vez de Claudine cair em gargalhadas.

- O que foi Claudine? – perguntou Plinio
- Você e Sara... Tem tanto em comum quanto uma águia e um sapo!
- Quem é o sapo?

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Sara e Claudine folheavam algumas revistas na recepção da construtora. Faltavam alguns minutos para o término do horário de almoço e o lugar era agradável e confortável. A porta do elevador abriu-se. Um rapaz alto, de olhos penetrantes, cabelos castanhos escuros e levemente encaracolados, atravessou a saleta e murmurou um breve cumprimento. Sara acompanhou-o com os olhos até desaparecer pelo corredor.

- Ah! O amor é lindo! – exclamou Claudine notando o interesse da amiga.
- Quem é ele, Claudine?
- Leonardo Romanelli. Estagiário de engenharia. É um pobretão, vou logo avisando.
- Mas tem o par de olhos verdes mais lindos que eu já vi!
- E de que te vale isso?... Não poderá vendê-los.
- Não brinca Claudine!... Fale-me mais sobre ele.

Claudine fechou a revista e colocou-a de lado:

- O que quer saber?
- Tudo.
- Ele é estudante de engenharia, filho único de italianos, mora sozinho e como eu já disse, é pobre e tem bolsa de estudos. A mãe morreu quando ele tinha uns dez anos, o pai viajou para a Itália há três anos, conheceu uma italiana e nunca mais voltou.

Um solitário como eu.

- ... É bastante cobiçado, mas não dá bola pra ninguém, mais alguma coisa?
- Poxa! Estou impressionada. Como sabe tanto a respeito dele? – perguntou Sara.
- Mantenho-me informada.
- Está interessada nele?
- Eu não, mas você... Vi a maneira como olhou para ele. E ele pra você.
- Ele tem flertado comigo há alguns dias – Confidenciou Sara.
- É antiquado dizer “flertando”. O moderno é dizer ‘“paquerando” – corrigiu Claudine.
- Paquerando ou flertando, o fato é que passa várias vezes por dia na frente do meu departamento.
- E você?
- Gostaria de conhecê-lo melhor. Apresenta-me à ele?
- Você é estranha, Sabe?
- Por quê?
- Eu sei de pelo menos uma dúzia de caras te paquerando aqui na construtora, entretanto você nunca se interessou por nenhum deles, porque o interesse agora? – perguntou Claudine.
- Este é diferente.
- Qual é a diferença?
- Eu vou me casar com ele.

E foi assim que Sara veio a conhecer o único e grande amor de sua vida: Leonardo. Leo, como ela gostava de chamá-lo. Foi uma paixão voraz, urgente. Possuíam um desejo incontrolável de estarem juntos o tempo todo. Compartilhavam tudo, até os momentos mais banais do cotidiano. Tudo parecia tão pequeno e insignificante comparado a felicidade de estarem juntos, que o sonho de um casamento na igreja, com um belo vestido, a noite de núpcias, tudo ela arquivou no esquecimento. Sempre imaginara que se viesse a perder a virgindade antes do casamento, seria por puro acidente, não por livre escolha. E ele, o único culpado, teria que reparar o erro. Na verdade, não foi nada disso que aconteceu. Leo e ela dirigiram-se ao apartamento dele com esse único objetivo em mente. E quando tudo acabou, ficaram abraçados, fumando e felizes.

Casaram-se três meses depois, sem igreja, sem vestido, nem festa com bolo de muitos andares... Somente Claudine e Plinio como testemunhas daquele amor e um oceano de sonhos.

Ela continuou na construtora, porém manteve total segredo do casamento. Mulheres casadas não eram nada bem vindas ali; eram encaradas como “uma dor de cabeça sem fim”. Leo conseguira ser efetivado como auxiliar no setor de engenharia. O salário era baixo, pois ainda não havia se formado, porém, o maior desafio era fingir a todos que ele e Sara eram apenas amigos. A simples descoberta de que alguma funcionária estaria namorando firme ou noivando já seria um bom passo rumo à demissão.

Continuaram a morar no apartamento que Leo alugava antes do casamento. A única mudança fora a substituição da cama de solteiro por outra de casal. Ainda assim, Sara pensava às vezes, que era quase um sacrilégio ser tão feliz. Leo se revelara um marido esplêndido, generoso, carinhoso ao extremo. Tudo o que ele mais ansiava, era proporcionar a ela uma vida de rainha, compensá-la de todas as formas a vida dura que sempre tivera. E era justamente nisso que se estabelecia o limite entre a felicidade e o dissabor. Entre a segurança de uma vida sólida e tranqüila, e o pânico do amanhã.

- Não devia cometer essas extravagâncias, Leo. Essa roupa deve ter custado uma fortuna! – protestou ela em certa ocasião
- Você merece princesa – disse ele beijando-a docemente.
- Mas nem sei onde vou usá-la...
- Não seja por isso, sábado iremos ao teatro e terá uma boa oportunidade – sugeriu ele jovialmente.

Sara suspirou profundamente.

- Olha meu bem, adoro os presentes que você me dá, mas me preocupo tanto com seus estudos... Ainda faltam três semestres para terminar a universidade e outro dia, não pode comprar um livro por ser muito caro.
- Não vou deixar de me formar só por causa de um livro – argumentou ele – E depois, eu fiz cópias do livro de um amigo. Não quero que esquente sua cabecinha linda com isso.
- Sabe que eu me preocupo!... Tem que se formar se deseja seguir carreira na construtora – disse Sara como quem aconselha uma criança.
- Não estou interessado numa carreira na construtora – confessou determinado.
- Não?!
- Quero ter meu próprio negócio, já falamos sobre isso. Não vejo futuro para mim lá.
- Leo, as coisas estão muito difíceis, seria melhor se reconsiderasse o assunto e...
- Sara, meu amor – insistiu carinhosamente – Preciso ter meu próprio escritório de engenharia para desenvolver meus projetos de técnicas inovadoras do sistema construtivo...
- E não pode desenvolver esses projetos sem ter que deixar o emprego? – argumentou ela
- Seria quase impossível. Além do mais, não vou me sujeitar por muito tempo a esse salário miserável que eles pagam aos engenheiros recém formados. Quero poder comprar uma bela casa para nós antes que cheguem os nossos filhos, possuir um carro do ano e viajar... Vou levá-la a todos os lugares desse país e quem sabe, até para o exterior... Faremos um cruzeiro marítimo e...
- Leo!... Leo!... – chamou ela trazendo-o para a realidade – Não duvido nem um pouco de sua compacidade, mas não acha que está indo depressa demais?... Serei feliz com uma vida de pequenas conquistas se estiver ao seu lado. Isso é o que realmente importa para mim.
- É claro que estarei sempre ao seu lado! De outra maneira, nada disso faria sentido. Vou fazê-lo por você e para você... e para os nossos filhos quando vierem.


Dias depois Sara procurou por Claudine na contabilidade logo pela manhã:

- Pode sair agora? – cochichou no ouvido da amiga.
- Vá indo para a toalete, que daqui a pouco estarei lá.

Na toalete, Claudine ascendeu um cigarro.

- Quer um?
- Não, obrigada.
- Parou de fumar? – perguntou Claudine.
- Estou tentando – respondeu ela com olhar melancólico.

Claudine conhecia a amiga como ninguém.

- O que há, Sara?... Parece triste. Não está bem com o Leo?
- Oh não, não é isso!... Estamos muito bem, ele é maravilhoso... Tão adorável, generoso e tudo mais... Só que às vezes me parece tão...
- Tão?...
- Tão inconsequente. Vive me cobrindo de presentes caros, o dinheiro desaparece nas mãos dele...

Sara baixou a cabeça um tanto constrangida. Sentia-se péssima, quase uma traidora.

- ... É complicado ter que dizer isso, ainda que seja com você, mas às vezes, eu preferiria que ele fosse mais seguro. Nunca volta para casa de mãos vazias, sempre me traz flores, ou algum perfume caro...
- Você é que é feliz! – exclamou Claudine – Quanto mais eu vivo, mais me convenço que Deus realmente dá asas a quem não sabe voar.

Sara entendeu a deixa.

- Está falando do Alberto?
- O que você acha?... Está cada vez mais difícil arrancar um cinema dele. Ganha uma ninharia e ainda por cima guarda mais da metade.
- E você não acha coerente?
- É coerência demais para o meu gosto! – Claudine soltou um suspiro – Você imagina que o pai dele quis dar-lhe um apartamento de trêz quartos, novinho em folha em Perdizes e ele não aceitou? Disse que o que vem fácil vai fácil também, pode?
- Talvez esteja com a razão...
- Ah, não!... Vou começar a achar que estamos com os pares trocados – disse Claudine meneando com a cabeça.
- Isso parece absurdo – declarou Sara.

Claudine ajeitou os cabelos diante do espelho:

- Às vezes, chego a me perguntar o que estou fazendo com ele há tanto tempo.
- Sabe o que eu acho? – perguntou Sara com um meio sorriso – Que está mais apaixonada por ele do que gostaria de admitir.
- Se não for paixão, é burrice mesmo.
- ...
- Claudine... Acho que estou grávida – disse Sara timidamente.
- Gravida?? – gritou ela.
- Fale baixo! – repreendeu-a – Quer que todos ouçam?
- Tem certeza? Quero dizer, está atrasada?
- Dez dias.
- Não estava tomando a pílula? – perguntou Claudine quase num sussurro.
- Estava, mas vinha sentindo muitas cólicas e parei.
- E por que não se cuidou?
- Eu vinha me cuidando, mas numa noite dessas, Leo e eu fizemos amor no chuveiro e... Foi um daqueles impulsos... Ah, você sabe...
- Não sei não, mas posso bem imaginar... Já contou a ele?
- Ainda não.
- E o que está esperando?
- Sei lá... Só quero ter certeza.
- Como acha que ele vai reagir?
- Bem, primeiro ele vai rolar pelo chão como uma criança que acaba de descobrir que vai ganhar um brinquedo novo, depois vai me pegar no colo, cobrir-me de beijos e três dias depois, terei o mais caro e completo enxoval de bebê do mundo! – narrou ela num só fôlego.
- Não acredito que não seja louca por esse homem!...
- Mas eu sou louca por ele, nunca duvide disso! – replicou Sara lançando um olhar rematado a Claudine.
- Eu sei, estava só brincando... Já lhe ocorreu que vai ser despedida assim que o bebê nascer?
- Já e estou apavorada com a idéia.
- Não sabem que está casada, pensarão que é mãe solteira – lembrou Claudine.
- Eles que pensem o que quiserem – disse ela dando de ombros – Chegará o dia em que as mulheres poderão se casar sem correr o risco de perderem seus empregos. Deixarão de serem encaradas como sinônimos de problemas pelos patrões... Hão de descobrir que elas podem produzir muito mais além de filhos.
- Acredita mesmo que esse dia vai chegar? – perguntou Claudine.
- Chegará, ainda que tarde para nós.


Claudine convidou Sara para jantarem juntas no seu kit. Sabia que Leo seguia direto do trabalho para a universidade e não era nada bom que a amiga ficasse sozinha naquela noite. Em seguida telefonou ao Plinio e pediu a ele que preparasse um macarrão ao sugo, preferido de Sara.

A noite estava suave naqueles meados de novembro e não havia nenhuma nuvem no céu. Sara seguiu à pé os quatros quarteirões que separavam o seu apartamento do kit dos amigos.

Claudine acabara de pôr a mesa, abriu uma garrafa de vinho e serviu a todos. Havia um rapaz louro, alto e meio musculoso que Plinio apresentou a Sara como “um amigo.” Gil era o seu nome. Depois do jantar delicioso de Plinio, elas se trancaram no quarto. Sara ardia em curiosidades:

- Esse Gil, onde Plinio o conheceu? – perguntou ela.
- Não sei, acho que foi na loja, por quê? – respondeu Claudine casualmente.
- É estranho... Ele e Plinio me pareceram tão... tão
- Íntimos?
- Você também notou? – perguntou Sara

Claudine deixou escapar uma gargalhada.

- Ora, Sara, como pode ser tão ingênua? Tentei lhe dizer tantas vezes...
- Dizer o que?... Está querendo dizer que ele e o Plinio...
- Hum, Hum... É isso mesmo.

Ela deixou cair a mandíbula pasmada:

- Como ele escondeu isso de mim por tanto tempo?
- Não escondeu nada de você, ele é discreto, só isso – argumentou Claudine – Também nunca me contou, foi eu que deduzi. Isso muda alguma coisa para você em relação a ele?
- Não sei... Acho que não, mas...
- Mas?...
- Preciso de um tempo para me acostumar. Sabe como sou antiquada nessas coisas... Mas que eu acho esquisito, ah isso eu acho!

Claudine tomou um gole de seu vinho. Já estava no quarto copo:

- Pois eu não acho nada esquisito. Há tantas coisas malucas acontecendo nesse mundo que eu não estranho mais nada.

Sara aproximou-se como quem quer desvendar um segredo:

- Ele e Plinio têm ficado aqui?... Quero dizer...
- Se quer saber se eles dormem juntos aqui, a resposta é não. Plínio e eu temos um acordo: Nem ele dorme aqui com o Gil, nem eu com o Alberto – esclareceu Claudine.
- Está dormindo com o Alberto?? – indagou Sara com olhos arregalados.
- Quem me dera!... Ainda não consegui essa proeza. Não devo ser tão talentosa assim. É provável que tenha que firmar um contrato antes, muito bem documentado, com firma reconhecida, duas testemunhas e tudo mais.
- Está falando de casamento?
- Estou falando de contrato de prestação de serviços mesmo.
- Está sendo muito crítica com ele – ponderou Sara – Ele só quer fazer tudo direito, ter os dois pés bem plantados no chão.
- Pois é... E eu que queria tanto voar!

Alguns dias depois, Sara finalmente contou ao marido sobre a gravidez e a reação dele não foi diferente da esperada: Ele pulou, cantou, rodopiou com ela nos braços, e depois, chorou de emoção. Passado a euforia, ele disse:

- Temos que nos mudar para um apartamento maior.

Não adiantou ela argumentar que não era o momento para assumir mais despesas, que perderia o emprego, e com o bebê para cuidar, não conseguiria outra colocação. Ele parecia não ouvi-la. Sara sentia-se impotente diante da felicidade dele. Eles se mudaram pouco depois para um novo apartamento de dois quartos num prédio ao lado onde moravam, porém com o dobro do valor do aluguel. Leo pintou e decorou o quarto do bebê. Divertia-se comprando brinquedos e quinquilharias a fim de encher as prateleiras. Quando ficou pronto, Sara não pode deixar de emocionar-se:

- É o lugar mais encantador que eu já vi!... Faz-me pensar que não é marinheiro de primeira viagem – disse ela provocando-o.

Na construtora, conseguiu esconder a gravidez até o quarto mês, mas vinha engordando a cada dia e não demorou muito para surgirem os comentários. Leo ficava furioso ao ouvir as risadinhas quando ela passava, mas Sara tentava a todo custo controlá-lo:

- Você tem que se segurar Leo, se descobrirem que estamos casados, vão sentir-se enganados e seremos dois desempregados.
- Está me pedindo demais, Sara. Não suporto mais ouvi-los tecendo comentários maliciosos a seu respeito.
- É por pouco tempo, meu amor! Logo...
- Logo terei meu próprio escritório e mandarei tudo às favas.


10 comentários:

  1. Olá, Bia!
    Mais um capítulo, estamos acompanhando!
    Gde abç,
    Adh

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  2. estou acompanhando ansiosa ... estou adorando a cada capítulo que leio fica melhor...
    beeijos
    aguardo os próximos capítulos

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  3. Estarei aguardando!!!
    Ótima semana pra você!!!
    Bjusss

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  4. Delicia ler seu blog e ficar na expectativa dos próximos capitulos...Adoreiiii. Parabéns voltarei mais vezes.

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  5. Voltei,pois tudo aqui me chama,uma boa leitura é semelhante a um café bom...
    e café bom eu gosto.Um grande abraço!

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  6. Olá!
    Passei, aproveitei pra rele o capítulo.
    Bjão, Boas Festas, Feliz 2011 pra vc e pra Sara!
    :-)
    Adh

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  7. Passando pra desejar um Feliz Natal e um Ano Novo de muita luz e paz pra você!!!
    Bjusss.

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  8. ✩✩✩ Feliz 2011 ✩✩✩

    "Nós abriremos o livro. Suas páginas estão em branco. Nós vamos pôr palavras nele. O livro chama-se Oportunidade e seu primeiro capítulo é o Dia de ano novo." (Edith Lovejoy Pierce)

    Ingredientes: prosperidade, felicidade, amor, sonhos, luta, vencer! Sabedoria para construir o que se espera de um novo amanhecer.

    Obrigada por estar comigo em 2010! Que hoje e sempre não seja diferente. Vamos somar aprendizados.

    Bjuxxx e xerooo querida amiga!

    Juliana Carla
    brailledalma.blogspot.com

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  9. OI, Bia
    Passo,com calma,pra desejar-lhe um Novo Ano cheio de paz e prosperidade em todos os sentidos...
    Cheguei anteontem de viagem...
    As minhas férias foram deliciosas... Junto à família tudo é bom demais!!!
    Muita inspiração em 2011 pra vc!!!
    Abraços fraternos com gostinho de início de ano

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  10. Voltei um capitulo para entender a trama, estou aguardando, lerei o próximo

    abraços

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Obrigada pela leitura e pelo comentário.
Digam-me com sinceridade se estão gostando, ou não do romance. Críticas serão sempre muito bem vindas.

A todos dedico o meu carinho!
Bia Franco